sexta-feira, 15 de julho de 2011

Angustiada - vazio existêncial!



Gostaria tanto de me abandonar, me esquecer, dormir. Mas não posso, eu sufoco: a existência me penetra de todos os lados, pelos olhos, pelo nariz, pela boca… E de repente, num instante, o véu se rasga, eu compreendi, eu vi. Não posso dizer que me sinta aliviado ou contente; ao contrário, isso me esmaga. Mas minha finalidade foi atingida: eu sei o que queria saber; tudo o que me aconteceu depois do mês de janeiro, eu compreendi. A náusea não me abandonou e não creio que me abandone tão cedo; mas já não sofro, não é mais uma doença ou uma febre passageira, eu sou a náusea. (SARTRE, 1958, p. 159).
Éramos um monte de existente constrangidos, embaraçados de nós mesmos, sem a mínima razão de estarmos aí, nem uns nem os outros, cada existente, confuso e vagamente inquieto sentia-se demais em relação aos outros. Demais: esta é a única relação que posso estabelecer entre estas árvores, estas grades, estes seixos. [...] e eu – frouxo, enfraquecido, obsceno, digerindo, agitando mornos pensamentos – eu também era demais (SARTRE, 1958, p. 161-162).
E sem nada formular com clareza; compreendi que tinha encontrado a chave da existência, a chave de minhas náuseas, de minha própria vida. Em verdade, tudo que passei a aprender se reduz a esta absurdidade fundamental. [...] Mas eu, há pouco, fiz a experiência do absoluto, do absoluto ou do absurdo. (SARTRE, 1958, p. 190-191).
          

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